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Foto do escritorMistress Ju Leah

Relação de dor x prazer

Atualizado: 10 de set. de 2022


McNabb acabara de se tornar o recordista mundial de degustação de pimentas – mais especificamente na categoria dos que mais conseguiam comer, em dois minutos, a variedade Bhut Jolokia.

"Parecia que tinha um exame de vespas picando o céu da boca ao mesmo tempo. Foi infernal", contou o dentista norte-americano.


Narcótico natural


A Bhut Jolokia, também conhecida como "pimenta-fantasma", aparece com mais de 1 milhão de unidades na escala Scoville, criada para medir o quão ardidas são. Significa dizer que ela é mais de 10 vezes mais potente que a malagueta, por exemplo.

É, assim, uma das pimentas mais potentes do mundo, e uma simples mordida causa extremo desconforto. Sendo assim, porque alguém a comeria conscientemente?

O senso comum é que o ser humano é programado para fugir da dor e buscar o prazer. Mas a vida real é diferente. Diversas atividades do dia a dia envolvem dores – corridas, tatuagens, piercings e até mesmo variações sadomasoquistas do sexo.

Para McNabb, especificamente, comer pimentas lhe deu prazer, apesar da descrição acima. "A dor foi embora rápido e logo veio uma mistura de adrenalina e euforia", explicou.

A ligação entre dor e prazer é biológica. Para começar, toda dor faz com que o sistema nervoso central libere endorfinas – proteínas que agem para bloquear a dor e que funcionam de maneira semelhante à de drogas como a morfina, gerando um sentimento de euforia.



Isso até o hipocampo, centro de controle do sistema nervoso, entrar em ação. Essa parte do cérebro, que tem o formato de um cavalo-marinho, responde aos sinais de dor ao comandar a produção de nosso "narcótico natural", a endorfina. E as proteínas se aliam a receptores opioides no cérebro para impedir a liberação de substâncias envolvidas na transmissão dos sinais de dor.

Mas as endorfinas não apenas bloqueiam a dor: elas também estimulam as regiões límbica e pré-frontal do cérebro – as mesmas ativadas pela paixão e pela música. Drogas como a morfina e a heroína também atuam nos receptores opioides.



Um sádico tem prazer em provocar dor. Um masoquista tem prazer em receber dor. Um switcher tanto tem prazer em provocar como em receber dor, dependendo das situações.



Orgasmo


A universidade Rutgers (EUA), autor do primeiro estudo, diz que há um vínculo fundamental entre dores e orgasmos. "Observamos que expressões faciais durante o orgasmo muitas vezes não podem ser distinguidas de expressões de dor."

Cientistas também observaram que analgésicos afetam emoções: o paracetamol, por exemplo, diminuiu a libido de voluntários que olhavam para imagens "picantes". Sendo assim, parece que prazer e dor realmente andam de mãos dadas.



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